José


Toda aquela água em baixo dos pés de José faziam com que a coragem dele extraviasse.
José era homem comum. Trinta e poucos anos, alguns invernos vividos. Acordava às seis pra colocar as crianças pra escola, já que a mãe saía às cinco e meia para chegar no seu trabalho de doméstica do outro lado da cidade. José era decidido, tinha cinco tatuagens, cada uma para um filho diferente e uma para a mulher que ele amava tanto. José trabalhava como pedreiro pra colocar comida na mesa todos os dias. Construía prédios grandes, onde os patrões que lhe pagavam tão pouco iriam morar. José tinha uma casa pequena, dividia seu quarto com sua mulher e dois dos quatro filhos (os outros dois dormiam na sala). Os filhos de José tinham orgulho do pai, pois este lutava muito para conseguir dar uma vida não tão ruim para eles.
José, mesmo não tendo uma vida tão ruim, não aguentava mais tudo aquilo. José sabia que os filhos e a mulher precisavam dele. José tinha uma visão de mundo diferente: ele que trabalhava tanto, precisava ganhar mais. José lutou, lutou e lutou... e acabou parando em um penhasco ao lado de uma cachoeira.
José olhou pra baixo e viu muita água. Viu seus filhos, sua mulher que tanto amava. Toda sua coragem foi embora...
"Não posso desistir agora! Sou homem corajoso, decidido. Nunca desisto das coisas."
Fechou os olhos e lembrou dos momentos felizes que passou na vida.
Fechou os olhos e viu Mariana, a filha mais nova, dizendo "eu te amo, papai".
E mesmo com tanto amor e carinho, na queda ele gritou o nome de um cara que ele nunca tinha visto na vida:
- Jeeeesus!
Era alto demais. O barulho do vento passava pelas orelhas de José e o barulho que isso fazia lembrava um pouco os sons dos filmes de guerra em preto-e-branco que José assistia quando era criança. José sentiu a água batendo em seu corpo e sentiu a mesma dor que sentiu quando os políciais bateram nele porque estava vendendo bijouterias na rua no centro da cidade. Foi descendo lentamente até chegar ao fundo. José não via mais nada, estava tudo escuro.





Ao voltar para a surpefície viu seus quatro filhos brincando na água e sua mulher sorrindo ao lado da cachoeira.
José não era homem de desistir fácil, não. José tinha conseguido juntar um dinheirinho, tirou férias com sua família e foi até o interior, numa cidadezinha muito bonita, cheia de cachoeiras. José era homem comum, era homem simples. José não tinha muito, mas lutava pra conseguir. José tinha vida sofrida como todos os outros Josés por ai. Mas José era homem feliz.

4 comentários:

  1. Lembrou de um texto meu... só que o seu é otimista... e meio inverso... no meu, ele se mata, mas só dá pra notar na última frase... xD

    Admiro a sua capacidade de continuar escrevendo bem mesmo quando tá feliz.. =)

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  3. Adorei a história e o conteudo que ela passa.
    Nanda você escreve bem ^^ parabéns!

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