Amo


Amo porque amo. 
Te amo porque me ama. Te amo por cada palavra que me diz. Porque sinto tua presença. Te amo porque me faz sorrir. Te amo porque me escuta, porque me fala. Amo porque me entende.
Te amo porque nosso silêncio é cheio. Te amo porque enche meus espaços vazios.
Te amo porque amo.
Te amo porque é minha principal memória.
É meu bálsamo, por isso te amo. É meu sedativo, minha fuga, meu motivo. 
Amo porque te amo. 
Amo tudo seu. Amo. Amo o seu português. Amo o cheiro que ainda não conheço, o toque que ainda não senti. Amo sua pele. Amo os beijos que ainda espero. Amo como nossos corpos se emendam e se completam, ignorando nossa distância. Amo seu sorriso. Amo suas bochechas, amo a maneira como diz meu nome. Amo como me sinto quando te vejo. Amo a reação do meu corpo ao ouvir sua voz. Amo a sua inteligência. Amo o seu corpo. Amo nossas descobertas linguísticas. Amo quando diz que me ama. Amo a inexplicável sensação de ter te amado desde a sua primeira frase. Amo seu rosto de bebê. Amo o seu sotaque. Amo the butterflies in my stomach. Amo que, com você, eu possa ser todos os animais do planeta (ao mesmo tempo). Amo porque é fofa, porque é fofa. Amo quando me ensina. Amo saber que é minha. 

Te amo porque te amo. 

"Não me lembro mais qual foi o nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser."

always

"A primeira vez é sempre mais difícil"


Falta o ar, o coração aperta, você sente que tem algo de errado. Chora sem motivos (ou coloca o motivo em alguma coisa qualquer) e então vem a negação, diz que é coisa da sua cabeça... A confiança vem junto com a desconfiança.
Então você vai ao inferno e tenta voltar.

we can work it out

A nova estação - 22/04/11 18:46

Há muito tempo não venho aqui. Um dia me falaram que as ideias boas vinham dos sentimentos ruins. Me disseram, pouco depois, que meus textos eram bons.
Não ando escrevendo muito... Culpa da felicidade instantânea causada por uma pessoa e é sobre isso que vou falar agora. Não garanto que será um bom texto, além do mais... estou feliz.

__________________________________________________


A frieza do chão de pedra que outrora era um castigo para a sola de seus pés se tornou mais do que convidativa nas manhãs de segunda-feira. Sem obrigação, levantava às 5h para não se atrasar. Chegava em seu destino uma hora antes do combinado e não se importava, desde que o desfecho fosse o mesmo das semanas anteriores.
Em ocasiões passadas a felicidade era um sonho, daqueles que se tornam um pesadelo depois do despertar. Agora o sonho era vívido e colorido, como se espera ler quando se chega no final de cada conto de fadas.
Assistem todas as estações passarem como se fossem horas. O toque dos corpos que antes era repulsivo com ela era mais do que algo necessário.
O motivo da fala, a essência do sorriso, a expressão dos olhos, a obsessão, tudo. Tudo tinha mudado em função do que se pode chamar de "amor" (o que não se pode descrever). Todo o tempo do mundo parece finito demais. Os dias passam e, de uma hora para outra, deixa de contar os meses para contar os anos.

Espera de sete em sete dias, então, que o chão de pedra a acorde antes mesmo do despertar do sol para que assim possa ser feliz mais uma vez.

13/03; 23:54

E o último suspiro do dia é regado pela tempestade que segue o ritmo de seus olhos marejados de lágrimas...

Março

"Como você se sente agora?"

Agora tenho dezoito. Posso ser presa. 
Posso ter um carro.
Posso(preciso) votar.
Me tatuar.
Posso continuar sendo a mesma pessoa que era antes.


___________________________

"E se eu for correndo e sorrindo para os teus braços? Verás depois o que eu vejo agora?"

Não pretendo me prolongar muito aqui.




Crie uma vida. Faça escolhas certas. Acumule tentativas, colecione vitórias.
Só se lembre de que nada é válido sem alguém sorrindo ao seu lado.

Hoje foi um dia atípico..

Há algum tempo eu já não acordo no dia 9/3 saltitando, esperando milhares de sorrisos e presentes. Hoje não foi diferente.
Talvez a quebra da rotina tenha me feito ficar um pouco mais deslumbrada com os acontecimentos, não sei. Sei que estou feliz.
Incertezas? Com certeza. Várias delas.
Mas vou viver o momento, preciso disso. Preciso me sentir bem.
Mês que vem vai ser igual ao mês passado? Não sei. Espero que não, de verdade. Mas se for, paciência. Se não for, alegria.

"A nossa confiança nos outros revela quanto desejaríamos tê-la em nós mesmos."

_______________________________
18.

segunda, 1º de fevereiro de 2010

A gente inventa um carro, a gente inventa uma casa
a gente inventa uma árvore com um coração talhado no tronco
a gente inventa uma roupa cara, a gente inventa um celular
a gente inventa uma música pra chamar de "nossa"
a gente inventa um livro best-seller, a gente inventa um tênis de marca
a gente inventa uma carta com declarações de amor
a gente inventa um futuro e a gente inventa mil maneiras de estragá-lo
O nosso amor a gente inventa.

"Sometimes they come back..."!

Existe uma certa beleza no ar nostálgico de alguns dias. Lembrar da infância, do cheiro da grama, dos doces e dos monólogos com bonecas.
Hoje meu dia se encheu de nostalgia, talvez não tão bela quanto essa que enfeita as memórias de algumas pessoas.
É ruim lembrar que você não fez tanta diferença assim na vida de alguém que te fez chorar quando foi embora. É ruim lembrar que, se o seu pseudo-estresse adolescente não tivesse atrapalhado, uma amizade poderia vingar mais do que já vingou. Alguém que passou dois, até três anos conversando diariamente com você faz uma certa falta, mesmo depois de dois anos.
Cada plano... Muitos planos, muitos mesmo. E todos foram embora com um só aviso, um sorriso de descrença e a tristeza do mês.
Sua carta ainda está aqui e ela sempre me faz rir. Pelo menos o registro da sua letra (a mais bonita, né?) eu ainda tenho.



Saturday, June 13, 2007
Menos um para sofrer, ver o mundo acabar. Menos um olhando a miséria das ruas de São Paulo, menos um vendo que nada pode ser feito.
Menos um para brincar, sorrir e chorar. Menos um para brigar. Menos um para dançar e se divertir, menos um... mas no final, sempre sobra um. Sobra um para tomar as dores de um que se foi, para ver que o mundo vai acabar, olhar a miséria das ruas de São Paulo e não fazer nada, para tentar brincar, sorrir... mas só conseguir chorar e brigar na hora de se divertir, lembrando daquele que não está mais aqui.


Quem quiser ignorar o post, pode ignorar. É só a vontade registrar a importância/falta que alguns fazem na nossa vida.


"...but not this time."

-




"Let me light up the sky
light it for you
let me tell you why
I would die for you"

Dezembro:

- Pois não, como vamos? Que bom, que bom. Boas festas, feliz natal, um bom ano novo, que tudo aconteça bem, tudo, tudo, que sua vida seja linda, que terremotos catastróficos e confusões mentais não toquem sua campanhia na noite de terça-feira.

   Então trago toda aquela conversa nostálgica mais uma vez. Talvez fosse mais apropriado deixar de lado todas as considerações sobre o tempo para os canais de televisão e seus especiais (que já são especiais há tantos e tantos anos) de fim de ano, mas não. Outra vez venho aqui reprisar outros mais de 300 dias.
   Há alguns meses atrás eu poderia me considerar uma jovenzinha eufórica por ter entrado na faculdade. Acreditava que a partir daquela linha que eu tinha cruzado (a que separa nós, universitários iluminados que assistem aulas em cadeiras acolchoadas, daqueles mortais que ainda estão sendo obrigados a sentar em suas cadeiras de madeira rabiscada e a ouvir baboseiras sobre tudo que a vida não é) eu poderia sentar, tomar um refrigerante e ver o tempo passar. Entretanto, podemos dizer que a universidade proporcionou algumas mudanças (e nem todas alimentaram essa minha parte preguiçosa).
  Não seria exagero algum falar que cresci mentalmente, que mudei. Acho que é notável, mas essa conversa não me agrada muito. Saber que cada dia o tempo passa mais rápido não é algo bom. Acho que hoje, mais do que nunca, sinto falta dos brinquedos coloridos, da falta de pudor e da esperança em um mundo melhor. Os anos passam e estou me parecendo cada vez mais com Eles..
  A racionalidade, o sentimentalismo, a vivência das estórias contadas. Talvez esses sejam os pontos que mais marcaram as mudanças nesses 300 e tantos dias. Toda a prática teórica, pronfunda estigmatização. Tudo hoje é abstruso, incoerente, sarcasmo inerente, blá, blá, blá.
  Apesar dos pesares, ainda encontro lugares escondidos. Pra lá eu vou fugindo dessas palavras que há menos 300 e poucos dias eram desconhecidas e irrelevantes.
  Um brinde ao ano novo. :)

O caótico ATO Nº4:



Contou cada gota no fundo do copo de café amargo. Sobraram vinte e cinco gotas do principal motivo da sua insônia.

Um copo e vinte e cinco gotas sem açúcar a colocaram na rua às cinco e meia da manhã. Se não fossem pelos trabalhadores que saíam de suas casas suas únicas companheiras seriam as fiéis pombas que patrulhavam as ruas naquela manhã.
Observava atentamente cada passo de cada um que passava. Imaginava o que acontecia por trás daqueles rostos cansados. Imaginava cada segundo de fome, cada gota de suor, cada gota de sangue. Entenderia se fossem problemas fúteis, mas o único problema era o ar da futilidade que tinham ganhado.
Sentou-se na esquina, esperando que a inspiração chegasse por meio de pensamentos alheios. Roubaria qualquer idéia que se passasse em uma das centenas de mentes geniais que iam em direção ao ônibus que as levaria para seu emprego. Faria dessa idéia uma obra prima que retratasse toda a angústia vivida por aqueles que por ali andaram.
Os rostos cansados foram sumindo, dando lugar a pessoas de terno, sorriso branco e celular no ouvido. O sol começou a aparecer, tímido e opaco. O menino que dormia na rua começou a despertar e pedir esmolas para homens que fingiam que ele não existia. O choro da criança, o latido de fome, as janelas quebrando, sirenes tocando, pessoas brigando, caos reinando. E os homens de gravata passando, como se nada estivesse acontecendo.
Caos reinando, caos reinando... E ela estava todo esse tempo sentada ali, na esquina. A essa altura o sol já havia queimado seu rosto.
E as pombas continuavam patrulhando.
Mais uma sirene, mais um tumulto, mais um assalto. Moça branca, estatura mediana e maquiagem no rosto, como constava no boletim. A mulher não reagiu, a polícia não agiu e mais uma vida se foi. Um dos assaltantes levou trinta reais, o trocado do ônibus e o peso de viver com um assassinato nas costas. O outro foi preso, pegou dez anos de cadeia. O tumulto se desfez e cada um que ali estava logo se esqueceu do que tinha acontecido.
O sol agora estava bem no topo da cabeça dela, mas ela não se importava mais. Levantou a cabeça e viu um casal se beijando no portão esverdeado do outro lado da rua. A mulher estava arrumada, indo provavelmente pro trabalho. O homem, ainda de pijamas, a beijou e disse "Eu te amo". Fechou a porta e viu sua mulher partir. Cinco minutos depois outra mulher tocou a campanhia. O mesmo homem a cumprimentou com um beijo na boca e com um sorriso a chamou para entrar. Quer dizer então que nem de amar de verdade o homem tem coragem?
Algumas nuvens surgiram perto dos morros que apareciam atrás dos grandes muros da rua. Um homem sem uma de suas pernas vendia balas no sinal. Tinha seu discurso ensaiado, comovia todos que passavam. Dizia que vinha da favela e tinha três filhos pra criar. Não tinha o que comer, não tinha trabalho. Ganhava cem reais por dia e todos os cem ficavam no bar. Cliente assíduo, o rapaz sem perna tomava whiskey todo dia.
Agora o sol já ia sumindo, a lua clareava o caminho dos trabalhadores voltavam cansados de sua rotina. O barulho dos trens, as buzinas dos ônibus, os choros, as sirenes, os beijos, os tiros, o sangue... Tudo soava como "eternidade".

As pombas esvoaçaram rapidamente ao som de uma motocicleta em alta velocidade. Ela então, percebendo que suas companheiras haviam deixado sem nem dizer adeus, deixou a esquina. O fim do dia havia mostrado que nem as pombas são fiéis.
Voltou para casa, imaginando como pode deixar que apenas um copo e vinte e cinco gotas de café tirassem o seu sono algumas horas antes. Deitou-se, cobrindo o rosto. “Talvez a escuridão apague tudo isso”, pensou. Fechou os olhos e por alguns minutos se manteve consciente. Virou-se e sonhou com o fim dessa eternidade.

____
* mal ae pelos possiveis erros de português, lek.
* a foto eu peguei do blog do Lucas, da minha faculdade. Vale a pena dar uma olhada http://www.louco-pensador.blogspot.com

Ensaiando a felicidade

Do choro incontrolável e aparentemente sem motivos do recém-nascido ao pré-adolescente esperneando por querer ir ao shopping sozinho. Da primeira mastigação com apenas dois dentes ao incontrolável impulso de comer chocolate enquanto está assistindo um filme tosco de romance na Globo. Do ódio ao sexo oposto ao amor ao sexo sem amor. Da vida regrada pelos pais até a vida regrada pela própria vida. Do pseudo-anarquismo adolescente ao capitalismo do mundo adulto.






Poder conjugar o verbo "reclamar" é uma dádiva... E dizem que o único diamante do pobre é a estrela que brilha no céu.

Foi por amor

Não conseguia expressar a dor que sentia em som algum. Sentiu suas células quando o facão atravessou, como se cada uma fosse um corpo separado.
Não reagiu e não reagiria de forma alguma. A mataram por amor e por amor ela faria qualquer coisa.
Já havia presenciado suas vizinhas morrerem, uma de cada vez. De velhice quase nenhuma, todas por amor. Imaginara como seria a morte, se a dor se transformaria em arrependimento. Decidiu que não queria morrer de velhice, queria morrer jovem e bonita, queria morrer por amor.
Não era por amar alguém que ela morreu, foi pelo amor dos outros. Ela não amava, nem se quisesse amar conseguiria. Sabia como era, observava todos os dias a procissão dos casais apaixonados no parque. Alguns se arriscavam a perder algumas horas do seu dia descansando na grama e quando isso acontecia ela se punha a ouvir os agrados trocados por olhos apaixonados. Sentia raiva das suas raízes que impediam qualquer tipo de emoção e afetividade. Queria ser como todos eles, queria amar.
Dos que passavam no parque, alguns nem nos olhos dos outros olhavam. Passavam sozinhos, resmungando palavras a esmo, como se tudo aquilo fosse fruto da inutilidade proposta pelos ideais humanos. Não era inutilidade, ela sabia disso. Após dias de reflexão, concluiu que todos precisavam de amor pra viver.
Então o facão a cortou no meio com um só golpe.
Não morreu na hora, sofreu por alguns minutos. Continuou consciente para se ver na mão de uma mulher. Os olhos dela brilhavam e refletiam o sorriso dele enquanto um "eu te amo" ecoava ao fundo.
Então, como era desejado por ela,
foi por amor
o assassinato da flor.


________________________
Blog desatualizado. :{

O verdadeiro ATO Nº3:

Ela ficou em pé mas não sentiu seus pés tocarem o chão de pedra. Citou para si Shakespeare e voltou para a cama. Parecia brilhante se esconder atrás de um gênio antes de conseguir se levantar e enfrentar o mau humor que a atingiria depois que o chão voltasse a esfriar seus pés descalços naquela manhã de segunda-feira. Fez um pequeno esforço, lutando contra o frio que fazia, mas não conseguiu se levantar... Apenas virou para o lado e cobriu seu rosto, numa tentativa de trazer a noite de volta.
Estava então de noite, conseguia sentir o cheiro da água. Logo ela que nunca gostou de chuva... Mas já não se importava mais. O sereno que caía parecia agradável como qualquer outra coisa que marcasse aquele lugar (logo ela que nunca gostou de lá...).
A idéia da felicidade parecia algo insustentável quando se parava para analisar as histórias dos dois caminhos percorridos. Se ela então fosse seguir a razão, o sereno da noite viraria uma tempestade... Mas naquele instante parou de chover.
Tirou a coberta de seus olhos e olhou pra frente. Sentou-se na cama, e recitou Shakespeare bem baixinho.

"E nem espanta o olhar errar de susto
Se sem céu claro nem o sol enxerga.
Esperto amor, com pranto a me cegar
Pra cobrir erros quando o amor olhar.
"

Levantou-se e o sorriso apareceu em seu rosto. Sentia o chão e ele nunca pareceu tão convidativo quanto naquela manhã. Podia vir Shakespeare com todo o lirismo do mundo falando o contrário, mas o frio subindo pelos pés provava que a felicidade não é apenas um sonho.

Sobre nós mesmos


Ignorem a menininha do começo e pulem pra 5:40.

O nome disso não é talento, não mesmo. Quando assisti eu imaginei toda a trajetória desse homem para chegar nesse nível.
O nome disso é perseverança, força de vontade.
Confesso que fiquei com vergonha de passar o dia sentada na frente de um computador depois de ver esse cara.

José


Toda aquela água em baixo dos pés de José faziam com que a coragem dele extraviasse.
José era homem comum. Trinta e poucos anos, alguns invernos vividos. Acordava às seis pra colocar as crianças pra escola, já que a mãe saía às cinco e meia para chegar no seu trabalho de doméstica do outro lado da cidade. José era decidido, tinha cinco tatuagens, cada uma para um filho diferente e uma para a mulher que ele amava tanto. José trabalhava como pedreiro pra colocar comida na mesa todos os dias. Construía prédios grandes, onde os patrões que lhe pagavam tão pouco iriam morar. José tinha uma casa pequena, dividia seu quarto com sua mulher e dois dos quatro filhos (os outros dois dormiam na sala). Os filhos de José tinham orgulho do pai, pois este lutava muito para conseguir dar uma vida não tão ruim para eles.
José, mesmo não tendo uma vida tão ruim, não aguentava mais tudo aquilo. José sabia que os filhos e a mulher precisavam dele. José tinha uma visão de mundo diferente: ele que trabalhava tanto, precisava ganhar mais. José lutou, lutou e lutou... e acabou parando em um penhasco ao lado de uma cachoeira.
José olhou pra baixo e viu muita água. Viu seus filhos, sua mulher que tanto amava. Toda sua coragem foi embora...
"Não posso desistir agora! Sou homem corajoso, decidido. Nunca desisto das coisas."
Fechou os olhos e lembrou dos momentos felizes que passou na vida.
Fechou os olhos e viu Mariana, a filha mais nova, dizendo "eu te amo, papai".
E mesmo com tanto amor e carinho, na queda ele gritou o nome de um cara que ele nunca tinha visto na vida:
- Jeeeesus!
Era alto demais. O barulho do vento passava pelas orelhas de José e o barulho que isso fazia lembrava um pouco os sons dos filmes de guerra em preto-e-branco que José assistia quando era criança. José sentiu a água batendo em seu corpo e sentiu a mesma dor que sentiu quando os políciais bateram nele porque estava vendendo bijouterias na rua no centro da cidade. Foi descendo lentamente até chegar ao fundo. José não via mais nada, estava tudo escuro.





Ao voltar para a surpefície viu seus quatro filhos brincando na água e sua mulher sorrindo ao lado da cachoeira.
José não era homem de desistir fácil, não. José tinha conseguido juntar um dinheirinho, tirou férias com sua família e foi até o interior, numa cidadezinha muito bonita, cheia de cachoeiras. José era homem comum, era homem simples. José não tinha muito, mas lutava pra conseguir. José tinha vida sofrida como todos os outros Josés por ai. Mas José era homem feliz.

Da vida

Um dia eu estava sentado em um balanço, pensando com os meus botões, quando chega um menininho de aparência peculiar. Um metro e trinta e poucos centímetros, cabelos tão loiros que para um velho como eu pareciam brancos como os poucos fios que habitam minha cabeça. Usava uma camiseta azul com um herói americano estampado na frente e segurava um enorme pirulito colorido, cheio de corantes artificiais e milhares de substâncias que me matariam em alguns segundos.
Ele me olhou desconfiado e sentou-se no outro balanço. Depois de alguns segundos, resolvi falar com ele.
- Então, guri. Posso saber por que você me olha assim?
- Você não acha que está grandinho para brincar de balançar, moço?
Já era de se esperar, essas crianças de hoje em dia não são tão bem educadas quanto as de uns anos atrás, não é mesmo?
- Pois então, acha que eu não posso brincar de balançar?
- Acho que não. Você sabe se balançar como eu? - Disse o garoto enquanto mostrava o quão alto conseguia chegar.
- Não sei fazer isso que você faz, mas sei muitas outras coisas.
- Sabe?
- Sei. Quer ver?
- Duvido. Você não sabe de nada...
- Pois então, sei que seu nome é Gabriel. Sei que você sabe se balançar alto e sei que esse seu pirulito faz um mal absurdo pra saúde.
- Hm... Continuo sem acreditar.
- Então me faça qualquer pergunta, guri.
- Por que os índios fazem a dança da chuva mas quando chove muito eles reclamam?
- Nada ao extremo é bom, não concorda?
- Tá bem. Por que seus cabelos são brancos?
- Não são brancos, só são mais loiros que os seus...
- Por que você tá aqui, sozinho?
Essa última pergunta me pegou de surpresa. Por que eu estava sozinho em uma praça? Era de se esperar que depois de tanto tempo eu já estivesse casado, acumulado uma vida inteira de felicidades. Então eu estaria sentado aqui, ao lado do meu neto, contando pra ele histórias de militares enquanto ele brincava com seu carrinho na caixa de areia. Sua avó estaria do meu lado e seus olhos azuis brilhariam do mesmo jeito que teriam brilhado no nosso primeiro encontro. Meu filho me ligaria perguntando se estava tudo bem com o meu netinho e eu responderia que sim. Voltaria pra casa quando o relógio marcasse meio-dia.
Mas eu estava sentado num balanço, conversando com o Gabriel, menino loiro com o pirulito sabor tutti-frutti colorido artificialmente.
- Por que você acha que estou aqui sozinho?
- Eu acho que você não sabe responder, lero lero.
- Ok, confesso. Não sei...
- Sei que não sabe, moço.
- Sabe, é?
- Uhum. Você não sabe de nada.
- Não? E você sabe de tudo, Gabriel?
Nessa hora, uma senhora se aproximou da gente e disse para o menino: - Vamos, Guilherme. Vamos almoçar.
Rindo, ele disse: - Não sei de nada. Mas você deveria parar de me chamar de Gabriel...
Jogou a embalagem do pirulito no chão. Nela estava escrito "Este produto é feito de frutas colidas a mão. Produto artesanal".
E eu que sabia de tudo, passei a não saber de nada. Apenas observei os dois indo embora. Enquanto se distanciavam, a senhora olhou pra mim. Seus olhos azuis brilhavam fitando meus cabelos brancos enquanto meu relógio apitava avisando a chegada do meio-dia.


______
Só pra não deixar morrer. :\
Desculpa os erros ortográficos \o

A novela mexicana. Porra, logo eu? Sempre falei mal desses casos... Depois eu escrevo algo aqui.

Do latim

amor s. m. s. m. pl.
amor (latim amor, -oris)
s. m.

1. Sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição ou atração.
2. Paixão atrativa entre duas pessoas.
3. Afeição forte por outra pessoa.
4. O próprio ser que se ama. (Usado também no plural)
5. Ato sexual.
6. Brandura, suavidade.
7. Paixão ou grande entusiasmo por algo.
8. Vontade súbita de ver outra pessoa feliz.
9. Causa comum da taquicardia.
10. Realidade distorcida para parecer mais agradável.
11. Intensidade.
12. Respeito mútuo.
13. Motivo principal para sorrir quando se sente triste. Chorar quando se sente feliz. Meio utópico, mas verdadeiro. Felicidade embrulhada em palavras e atos. Junção perfeita de sentimentos, motivos e vontades. Que te faz se declarar espotaneamente (mesmo se você não tem tal costume). Derivado da amizade ideal. A harmonia entre elogios e brincadeiras. Que te faz ouvir a mesma música inúmeras vezes seguidas. O brilho que aparece nas piores horas dizendo "acalme-se". Vira prioridade de uma hora pra outra. Muda a sua vida inconscientemente. Te faz inventar apelidos incomuns. Te faz achar sentido nas músicas dos Carpenters. Te faz repensar seus costumes. Te deixa aflito quando está longe. Te entende com um olhar. Bom quando é recíproco. Platônico. Altruísta. Incondicional. Exagerado. Indefinível.
_
Quem me vê na fila do pão sabe que te encontrei. O rádio do vizinho sabe da saudade que eu sinto de você. Só te quero por perto, sempre. Te amo, te amo.

O utópico ATO Nº 2:

Tudo estava nas molduras pela parede. Não são todos os que conseguem transformar a vida em uma obra de arte, longe disso... A maioria apenas vive por viver, sem nem mesmo pensar em ter algo para retratar.


Ele retratava toda a sua vida, pausava todos os momentos felizes e os pendurava nas paredes daquela pequena casa. Não era difícil achar o motivo dos vários rolos de filmes usados e revelados para gravar as imagens mais bonitas que viveu. Em cada foto pendurada estava ela, sorrindo. O contraste entre os cabelos escuros e olhos claros chamavam atenção de qualquer um que passasse pela porta que ficava sempre aberta. Na maioria das fotos estava sobre a ponta dos pés, numa tentativa quase sempre frustrada de alcançar os lábios do rapaz que fazia par com ela nas fotos. Era impossível não relacionar aquelas imagens com as melodias e letras dos Carpenters, assim como era impossível acreditar que aquele casal não tinha saído de um romance best-seller.
A casa se camuflava no meio das grandes árvores que cresciam ao seu lado. As paredes de madeira estavam esverdeadas, assim como um grande tronco de árvore que repousava deitado na clareira em frente a varanda. O pôr-do-sol atravessava cada falha das paredes, iluminava cada parte do comodo voltado para o lado oeste. Sobre uma mesa estava a máquina fotográfica antiga que tremeluzia sob a iluminação fraca vinda do sol. Ao lado da mesa estava o rapaz, sentado no moisaico de pedras que formava o chão do aposento. Sua caneta corria rapidamente sobre um papel enquanto tantos outros se amontoavam amassados ao seu lado. Um violão branco refletia a luz que vinha das janelas, estava sobre um velho tapete lilás que nada tinha a ver com a decoração daquele quarto. A cena era estática, não era impossível comparar a atual realidade com as imagens que decoravam o quarto... Poderia muito bem tirar uma foto e a pendurar na parede. Ela se confundiria com todas as outras, se a ausência de sorrisos e da menina de cabelos escuros e olhos claros não fosse tão notável.
Mais um papel voou em direção a pilha, era impressionante como ele não conseguia encontrar as palavras certas para descrever o que sentia. Remexia todos os sentimentos, procurava por todas as palavras, repetia mentalmente todos os significados possíveis para todas as frases que conseguia imaginar. Pegou a primeira garrafa na prateleira e despejou o resto do seu conteúdo em um copo. Tomou em um só gole e voltou a escrever.



"Todos esses anos me mostraram o prazer que é a vida. Não são todos que conseguem transformar a vida em uma obra de arte, longe disso... A maioria apenas vive por viver, sem nem mesmo pensar em ter algo para retratar. Meu retrato mais bonito pendurado no lugar mais chamativo é o que você aparece sozinha, dando um sorriso para o fotógrafo. Lembro-me até hoje do dia em que tirei a foto, seus olhos brilhavam como as estrelas que nos abençoavam naquela noite. O cantor do bar dedicou aquela música para nós e ainda posso ouvir as notas ecoando em meus ouvidos. Você me disse o quanto eu era especial, e eu te disse que você era a minha vida. Não estava mentindo, minha vida é você. Fiz da minha vida uma obra de arte... Em determinado ponto o artista sente-se obrigado a terminar a obra e cada pincelada a mais se torna algo sujo, que interfere na harmonia daquela imagem. Assim então acabo com minha obra prima, pois quero que a imagem que tenha de mim seja a mais bonita possível. Pararei de dar pinceladas a mais, ficaremos por aqui então."



Dobrou cuidadosamente o papel e colocou em cima do tapete lilás. Fechou a porta da frente e voltou a se sentar no chão gelado de pedra. O sol ia desaparecendo lentamente, os sons dos pássaros pareciam mais distantes, até que tudo tinha acabado. Ele não via mais nada, não escutava mais nada e não sentia mais nada.

No dia seguinte algumas batidas na porta tiraram a tranquilidade do lugar. O sol brilhava em cima da casa, os pássaros voltaram a cantar. A garota de cabelos escuros estava parada em frente a porta, aparentemente ansiosa. Deu mais três batidas e não obteve resposta, então entrou e estranhou a calmaria. Estava tudo fechado dentro da casa, a iluminação era fraca, vinda do sol que lutava para ultrapassar as falhas no telhado. Encontrou o rapaz pendurado em uma corda, seus olhos já não brilhavam mais. As pernas dele balançavam junto com o barulho do relógio que contava os segundos. Seus pés apontavam para o papel que esperava em cima do tapete lilás.
Se um fotógrafo tirasse uma foto neste momento, seria impossível acreditar que a cena não tinha saído de um conto do Edgard Allan Poe. A luz que entrava com dificuldade fazia com que as sombras se alongassem e tomassem conta de todo o quarto. O cheiro era terrível... e só nessa situação era possível perceber como todas aquelas imagens penduradas nas paredes eram macabras. A garota de olhos claros e cabelos escuros chorando no canto do quarto não fazia com que a cena se tornasse mais bonita.
Foi ai então que ela percebeu o quanto demorou para pedir desculpas.

(continua)
________

Mais uma dose? É claro que eu tô afim.

A sensação de liberdade depois de quatro doses é extremamente reconfortante. Depois de um dia cheio, sento na bancada do mesmo bar de anos atrás e peço o mesmo de sempre, mas o barman já não me reconhece mais.
- Pois não? O que quer pedir?
- O mesmo, por favor...
- O mesmo o quê?
- O mesmo de anos atrás.
- Perdão...?
- Ok. Aquele ali, da garrafa verde. Quero uma dose daquilo.
E então, a dose vem.
- Então, rapaz. A vida é assim mesmo... A gente sempre consegue tudo, menos aquilo que a gente quer.
Tenho pena do barman. Deveríamos pagar pelo tempo que eles passam no bar ouvindo histórias de bêbados tristes.
- Pois é, é assim mesmo. Vai querer mais algo?
- Por favor, outra dose... Sabe, pra esquecer os problemas.
E então, a outra dose vem.
- Ai você começa a achar que tudo que você faz é errado. Mas caaaaaaaaara, tudo que eu faço é errado! Impressionante, consigo afastar qualquer um de mim. Impressionante, impressionante... Talvez seja culpa do momento, mas veja bem... sempre sou assim. Por favor, mais uma dose, tenho mais problemas pra esquecer!
E então a terceira dose aparece.
- É engraçado, sabe? Já percebeu o quanto aquele cara me olha? Hum, se eu não fosse comprometida, amaria ele... É, acho que não sou comprometida. Agora eu amo aquele homem, barman. Ele me olhou mais uma vez, acho que ele me ama também.
- Talvez...
- Pode trazer mais uma, pra comemorar meu novo amor eterno, por favor. E que seja bom enquanto dure.
E então vem a outra dose. Doses de liberdade emocional em doses homeopáticas de álcool pra fingir que tá tudo certo. Durante as quatro doses, realmente... tá tudo certo.
Horas depois os problemas voltam, o amor desaparece pela porta da frente do bar, sem dizer uma só palavra. Então, barman... mais uma dose do líquido da garrafa verde, por favor.
Por favor.

Love, Hate, Hate, Hate, Hate, Love.

Escrevi um texto ontem, durante um temporal. Espontâneo, bem espontâneo.
Ia escrevendo, torcendo pra bateria do notebook não acabar. A luz não tinha acabado, mas acho que a idéia de ter um problema tão simples como esse me animava... Tá acabando? Ok, vamos ligar na tomada. Tão simples.
A internet não funcionava, então escrevi no bloco de notas com o intuito de colocá-lo aqui hoje quando acordasse.
Li e reli ontem. Parecia ótimo.
Acordei, li mais uma vez, procurando os erros gramaticais que sempre aparecem quando eu escrevo...
Desisti. Só isso, desisti de colocar o texto inteiro aqui... Sei lá, às vezes dá vergonha de mostrar que também tenho uns probleminhas, hehe.
Colocarei partes, então. Vai ficar meio sem sentido, talvez...
_____________________
Love, Hate, Hate, Hate, Hate, Love.

"Eu li no jornal, Ju. Ele colocou o pai na justiça por abandono. Ganhou uma nota preta... O quê é 'nota preta'?"
-E criança lê jornal?-
"Deve ser algo muito bom... Sortudo, ele... Também quero minha nota preta. Ouvi dizer que quem ganha na loteria também ganha uma nota preta. O menino do jornal tinha só dezoito e estava com uma nota preta! Que sortuuuuudo!!!!"


Um, dois, quatro, sete, nove anos. Muito tempo, muito tempo... Sem presentes. Constrangimento constante nas aulas de artes

Independente, finalmente. Okay, noventa por cento independente.

Então vem a crise... Crise? No Brasil? Isso existe? O Lula disse que não. Mas dói no bolso de todos, não dói? Ah, dói...

E sabe qual é a solução?!
Virar cem por cento independente.
E ganhar na loteria da justiça, faturar uma nota preta, porque as notas roxas começam a desbotar. ehehehe
E quando se ganha na loteria, o outro lado se ferra bonito. Muito, muito bonito. Merecido, não acham? Seria como no final de uma copa do mundo, sendo que NINGUÉM assistiu o começo e TODOS querem acompanhar o final. O goleiro de perna quebrada, o atacante sentindo dores. Dez cartões vermelhos pro time adversário (pois é, o time errou muito. A culpa é no técnico, oras)... Mas o atacante não chuta! Maldito.
Só que a criança cresce... e a coragem de criança some.

"Outra vez as coisas ficam fora do lugar
Quando então começo a me sentir em casa"

Tão exagerado...
Ou só espontâneo.

00:00

E então o exagero começa a fazer parte de mim.

Sim, o exagero. O tédio exagerado, que consome todos os dias do precioso feriado de alguns (mas não tão precioso pra mim). E o tal do mau humor matinal? Já não é tão matinal assim... quando a lua aparece eu ainda estou fazendo bico pra qualquer um que me pergunte as horas (tão exagerado).
O frio, que não é tão frio, mas eu consigo transformar ele num frio sem igual.
A saudade exagerada do tempo que passa. Tempo que passa, infelizmente... e passa tão rápido... mas logo mais falarei sobre ele, em alguma outra oportunidade.
Sinto estar exagerando quando acho que tudo é tão bonito (era só a lua!!). E quando eu me sinto sozinha, com tanta gente em volta? Exagerada, sempre querendo mais atenção (e quando recebo ela em doses maiores, sempre reclamo... sempre).

Ah, é... O exagero...

O exagero na graça que se acha. No sorriso que te dei... Poxa, nem foi tão engraçado. Fazer o quê? É isso, a graça é a gente que acha e o meu sorriso continua sendo seu (e você por acaso se importa? Acho que não).
É... É assim que estou agora, eu acho. Meio exagerada, mas ainda não estou jogada aos seus pés.

É, pois é.

Você percebe que nem tudo está tão bem quando acorda quase mal e se pergunta: "Ok, não tô legal... mas por qual motivo?"
Nem tudo tá tãão bem, e você percebe isso. Percebe que não consegue mais dormir...
Mas tá tudo tão ótimo. Sério mesmo, de verdade. Quando você não tem do que reclamar, acaba inventando. Quando EU não tenho do que reclamar, acabo sendo chata.

Eu só queria alguém pra sentar e reclamar. Ouvir reclamações... Tocar alguma música no violão. Litros de café e uma madrugada fria pra cacete, vendo as estrelas girando. Um pouco de ciúme, uma conversa interessante sobre algo que eu nunca ouvi falar. Alguém pra não falar nada (mas só durante uns dois minutos), um copo de Sprite com uma vodka barata e bastante gelo.
Só queria isso...

Mas ok...
Tô bem, feliz.
Bem feliz. :)

O pobre, imutável e rotineiro ATO Nº1:

O incansável barulho dos trens em seus trilhos ensurdercia a massa de trabalhadores que voltava para alimentar suas famílias. A noite lentamente começava a tomar conta do local. No corpo dela, as piores roupas do armário. Era só mais uma viagem rotineira, não havia motivo para qualquer arrumação fora do comum. A blusa básica, apesar do tom desbotado, caía bem sobre seu corpo e fazia do seu rosto um pouco menos pálido do que o normal. Suas calças estavam aparentemente velhas e suas meias eram laranjas, contrastando com seu par de tênis preto. Seus cabelos, como sempre, bagunçados. Sem maquiagem, sem retoques. Ela era apenas ela, sem máscaras.
Algumas pessoas esbarravam na menina enquanto ela lutava contra a multidão que vinha na direção contrária. Eles voltavam de um dia de trabalho extremamente cansativo, dava para perceber no rosto de cada um e ela ignorava todos eles, como se fossem invisíveis.
Subiu as escadas da estação. Agora ela estava parada em uma rua larga, tão lotada de pessoas quanto na rua anterior. Todos, como antes, eram invisíveis pra ela... e ela se sentia sozinha, mas isso não era um problema. Passava por todas as pessoas como alguém passa por árvores. Passava sem olhar nos olhos de ninguém. Chegou ao seu destino. Uma loja grande, antiga e extremamente feia. Era ali que ela encontraria o que faria seu mundo se tornar feliz. Coisas materiais, nada que o dinheiro não compre. Então encheu sua bolsa com a sua felicidade recém-comprada e rapidamente tomou o caminho para casa.
Voltava pela rua grande. Agora o fluxo de pessoas havia diminuído. O céu já estava escuro e cheio de estrelas. As poucas pessoas que passavam continuavam invisíveis para ela. Ela estava entediada, queria ir para casa o mais rápido possível.
Estava prestes a entrar na barulhenta estação de trem quando se deparou com uma cena que chamou a atenção. Na frente do semáforo quebrado estava ele, parado. Vestia uma blusa que fazia com que seu rosto ficasse mais bonito, apesar do tom desbotado. Suas calças eram velhas, rasgadas. Cabelos bagunçados e, em seus pés, meias laranjas. Ela poderia estar exagerando, mas sentiu, pensou, achou que ele era especial. Não perdeu tempo, se aproximou. Encostou no semáforo e ficou observando-o por alguns segundos... Era tão estranho. Ela se sentia como um animal selvagem que acabara de descobrir algo. A curiosidade era absurda. Queria saber mais sobre o rapaz que se parecia tanto com ela... Queria saber tudo. Agora só algumas poucas pessoas passavam por eles. Ele olhava para frente, como se esperasse algo. Ela olhava para ele, obsessivamente. As lojas já começavam a fechar suas portas e o barulho dos trens continuava, mas agora ele parecia muito, muito distante. Ele olhou para ela e logo percebeu que estava sendo observado. Observou-a também por longos segundos, tão curioso quanto ela. Arrumou seu cabelo, pegou lápis e papel no bolso. Desenhou algo, rapidamente e começou a andar. Instintivamente, ela o puxou pelo braço. Ele olhou para ela, confuso. Ela, sem ter o que dizer, apenas perguntou as horas.
- Nove e vinte e seis. - Respondeu ele, a observando novamente, se perdendo em seu pensamento. Sorriu e voltou a andar.
"Nove e vinte e seis. Nove e vinte e seis. Nove e vinte e seis". A mesma frase ecoava em sua mente. Agora ela sabia algo sobre o rapaz. Sua voz era linda e ela se lembraria disso por muito tempo. Se sentia feliz em ouvir a voz de um desconhecido que usava roupas iguais as suas. Parecia tão idiota, mas era o que estava acontecendo.
Pegou o celular, agora eram nove e trinta e quatro. Queria poder seguir o rapaz, perguntar seu nome... mas apenas voltou para a barulhenta estação de trem. Tinha medo de o perder, mesmo sem o ter. Tinha vontade de se amarrar a ele, dar o nó mais forte de sua vida... mas agora estava apenas voltando para casa. Durante a viagem sentiu vontade de jogar aquela felicidade comprada que estava dentro da bolsa pela janela, pois ela já não fazia com que a menina se sentisse tão feliz quanto antes.

A menina voltou na semana seguinte para a mesma rua onde cruzara com o rapaz. Vestia agora sua melhor roupa. Suas meias combinavam com o par de tênis, que estava limpo. Sua melhor calça e maquiagem pelo rosto. Nesse dia ela não comprou nada, apenas ficou no semáforo quebrado, lembrando da voz do rapaz, desejando que ele voltasse. Todo mundo que passava era invisível para ela até o momento em que a figura do garoto de meias laranjas apareceu. Ele estava lá, com roupas tão velhas quanto as da semana anterior, mas vestia as mesmas meias laranjas. Segurava em sua mão direita aquele papel com o desenho. Olhou para a menina. Pegou o papel, desapontado e o jogou no chão. Andou em direção a estação de trem e desapareceu no meio das pessoas. A menina pegou o papel, nele tinha um tosco desenho dela feito pelo rapaz. Ao lado, estava escrito "'Nove e vinte e seis', apenas o que eu consegui dizer ao ver a garota que, sem fazer nada, fez eu me sentir feliz". A voz do rapaz ecoava cada vez mais alto na mente da menina e a maquiagem agora se tornava uma máscara extremamente pesada e feia. Ela olhou para os lados, todas as pessoas eram invisíveis. Pela primeira vez ela se sentia mal por estar sozinha. Pela primeira vez ela odiava alguém por o amar tanto, mesmo sem o conhecer. (continua)

*ignore os erros*

23 de março de 2009. 09:15 am

Hey, queridos amiguinhos. Acordei de bom humor, por isso vim aqui escrever alguma coisa... Tá fazendo um friozinho bom, coisa rara nesse inferno de cidade. O céu tá cinza... cinza claro, com um degradê pra um cinza mais escuro nas nuvens perto da serra. Tudo da mesma "família" de cinzas. Bem uniforme, sem manchas... parece que alguém esfumaçou o céu todo. Eu até diria que foi Deus, mas como todos sabem, não acredito em sua existência.
Você provavelmente tá se perguntando "WTF? Quequiessa porra tá falando?". Isso é o efeito de uma primeira semana de aulas do curso de Belas Artes na UFRRJ. Primeira semana foi extremamente foda. É impressionante como você se sente em casa naquele lugar. É bem tipo "caraca, porque eu não vim pra cá antes?"... Muitos veteranos já tinham me falado que é um inferno ter que ficar de férias longe da Rural e eu já tô vendo o quanto vou sofrer no fim do ano :P.
Para os curiosos, minhas matérias desse período são: Cor I (pintura), Plástica I (escultura), Introdução à Sociologia, Introdução à História da Arte e Criação Artística (desenho).
Então... esse post foi meio pra falar "sim, eu tô gostando da universidade. Sim, eu vou continuar lá e não vou pedir transferência (pelo menos não pretendo) e sim, a universidade é tão linda quanto em fotos".
É só isso :P... Agora vou começar a me arrumar, tenho aula mais tarde! (:
Beijos, fiquem bem e tô com saudades de vocês
:*

02 de março de 2009. 03:21 am

Eu fico impressionada com a capacidade de encher o saco das pessoas. Malditos, vão se ferrar e me deixem em paz, cacete.

Tá, começando o post de verdade agora...
______________________________
São 03:50 da manhã da primeira segunda-feira do mês. Pra mim ainda é domingo, já que eu ainda não dormi... mas isso não importa muito. O céu lá fora tá absurdamente estrelado e sempre que eu olho pela janela me lembro do filme "O Todo Poderoso", a única diferença é que a lua não está cheia... o que não deixa ela menos bonita. Típica noite de verão... amanhã provavelmente vai fazer um sol absurdo, as temperaturas vão ficar entre 35 e 40º e eu vou dormir até às 15h, pra depois acordar e perceber que estou perdendo tempo e que preciso fazer uma pá de coisas.
Minha vida tá dando altas voltas, tipo uma montanha-russa em constante movimento e sem freios (uau, adoro essas minhas analogias porcas).
Vocês se lembram daquelas metas que fiz no fim de ano? Algumas eu já cumpri...
A principal? Passei no vestibular e daqui a sete dias eu vou estar lá, levando trote. Esse foi o fator-mor pra minha vida mudar tanto. Fuck, nunca pensei que iria dizer isso, mas vou sentir saudades do povo feio, escroto, babaca, mongol, idiota e esquisito de Niterói... Lógico que eu volto pra apurrinhar e rir de todos vocês, mas só nos fins de semana. É... acho que isso é bom.
Malditos, me visitem lá! Vou levar colchões de acampamento pra vocês =D (eles são horríveis e pequenos, aviso logo)
Vou aprender a limpar, lavar, passar e pasmem... aprenderei a cozinhar!
...
Tá, provavelmente não vou aprender a cozinhar. Comida congelada serve pra isso.
________________________________

See ya! (:
beijos

Começo de 2009

Hmm... São 20:07 do dia 04/01. Domingo... Está passando Faustão nesse exato momento na Globo. Cheguei da rua agora pouco e já fiz tudo que tinha pra fazer em casa (tudo = comer, deitar, reclamar da vida com a minha família... essas coisas). Vim pra internet e me dei conta de que não tem ninguém de interessante pra conversar (isso porque no meu MSN tem umas 900 pessoas e 10 daqueles Chats. Bando de inútil u.ú). Resolvi então gastar o meu tempo escrevendo coisas nada interessantes aqui.
Como eu disse no post passado, falar do meu ano quando ele está acabando é uma "tradição" que eu seguia em um dos meus 439.427.932 de Fotologs. O Fotolog vai embora, a "tradição" fica hahaha. Era um costume também falar do meu começo de ano nos posts. Vou fazer isso agora.

Sabe, se tem uma coisa que eu adoro na passagem de um ano pro outro é da atenção que as pessoas costumam te dar. É ai que você descobre que aquele teu amiguinho da quinta série do Ensino Fundamental descobriu teu celular e resolveu te ligar só pra desejar um feliz ano novo. Sei lá, parece até que o mundo está acabando... Todas as pessoas resolvem te tratar com um carinho absurdo. Deve ser culpa do alcohol hahaha
Meu reveillon foi bem divertido. Passei com meus amigos, na praia, assistindo (de longe) os fogos de Copacabana. Com comida e bebida de graça... Choveu bastante e eu estava com o Seda Anti-Frizz. Em menos de 10 minutos eu senti uma gosma no lugar do meu cabelo... Era uma gosma cheirosa, pelo menos.
Como o prometido, não coloquei uma gota de alcohoool na boca hahaha
Nesses quatro dias após a virada de ano aconteceram algumas coisas. Estou chateada com uns e outros por atitudes escrotas e totalmente desnecessárias, mas tudo bem. Meu comecinho de ano está ótimo, apesar dos apesares :)
Sobre as metas... Estão se cumprindo, aos poucos :). Já estou começando a preparar uma boa leitura pros primeiros meses do ano e lendo algumas coisas na internet sobre história (quase tudo sobre nazismo, fato). Já arrumei alguns professores de gamão! XD. Italiano só vou aprender se eu entrar pra faculdade.
Ano de 2009 promete. Ano ímpar! =D

Hm... basicamente, é isso.
Quinta-feira vou pra Búzios, passar umas semanas lá. Vou voltar bronzeadona (H) hahaha
Vou aproveitar pra terminar uns desenhos, ler, sair um pouco. Com internet não dá pra fazer esse tipo de coisa haha :P
Levarei meu celular comigo. É só ligar :)
Beijos

Chico diz

Hoje você é quem manda. Falou, tá falado... Não tem discussão. Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas, deixo que as águas invadam meu rosto. Gosto de me ver chorar...
Como num romance o homem de meus sonhos me apareceu no dancing. Me ofereceu um drinque.. Será que ele me estende a mão?
Há de haver um lugar, um confuso casarão... onde os sonhos serão reais.
Me leve um pouco com você, eu gosto de qualquer lugar...
__________Chico Buarque