Ela ficou em pé mas não sentiu seus pés tocarem o chão de pedra. Citou para si Shakespeare e voltou para a cama. Parecia brilhante se esconder atrás de um gênio antes de conseguir se levantar e enfrentar o mau humor que a atingiria depois que o chão voltasse a esfriar seus pés descalços naquela manhã de segunda-feira. Fez um pequeno esforço, lutando contra o frio que fazia, mas não conseguiu se levantar... Apenas virou para o lado e cobriu seu rosto, numa tentativa de trazer a noite de volta.
Estava então de noite, conseguia sentir o cheiro da água. Logo ela que nunca gostou de chuva... Mas já não se importava mais. O sereno que caía parecia agradável como qualquer outra coisa que marcasse aquele lugar (logo ela que nunca gostou de lá...).
A idéia da felicidade parecia algo insustentável quando se parava para analisar as histórias dos dois caminhos percorridos. Se ela então fosse seguir a razão, o sereno da noite viraria uma tempestade... Mas naquele instante parou de chover.
Tirou a coberta de seus olhos e olhou pra frente. Sentou-se na cama, e recitou Shakespeare bem baixinho.
"E nem espanta o olhar errar de susto
Se sem céu claro nem o sol enxerga.
Esperto amor, com pranto a me cegar
Pra cobrir erros quando o amor olhar."
Levantou-se e o sorriso apareceu em seu rosto. Sentia o chão e ele nunca pareceu tão convidativo quanto naquela manhã. Podia vir Shakespeare com todo o lirismo do mundo falando o contrário, mas o frio subindo pelos pés provava que a felicidade não é apenas um sonho.
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Show. Seus textos possuem a suavidade da brisa.
ResponderExcluirAbsolutamente lindo.
ResponderExcluirEu te amo, paixão.
Fique bem sempre.
Muito bonito, de fato.
ResponderExcluirGostoso de ler.
Adorei.
Beijos.
Algumas coisas coisas da vida parecem contraditórias: como a felicidade que brota de um chão frio de segunda feira.
ResponderExcluirE aí Nanda!
ResponderExcluirto no aguardo de novos posts.
abraço!
Show!
ResponderExcluir;O)
Gostei da narrativa, muito leve e Shakespeare foi a cereja do bolo.
ResponderExcluirÓtimo.
Obrigado pelo comentário.
Inté.